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Um dia de cada vez.

  • Foto do escritor: Ivanize de Souza
    Ivanize de Souza
  • 22 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 23 de out. de 2021











Já passei pelo luto, quando perdi meu marido, pai dos meus filhos 8 anos atrás.

Marcelo também morreu de uma forma trágica; caiu de um telhado.

Não foi nada fácil.

Tive que enfrentar a vida sozinha, cuidar dos meus filhos e da empresa. Não pude me dar ao luxo de ficar em casa chorando, ou meus filhos passariam fome.

Tinha eles para sustentar, empresa com funcionários para cuidar e casa financiada para pagar.

Carreguei muito tubo de cobre nas costas, como costumava falar.

Trabalhávamos com sistema de aquecimento de água.

Quantas vezes eu chorava no carro, a caminho de alguma obra, e quando chegava ao destino, engolia o choro e falava pra mim mesma: vira homem Ivanize, porque o mundo lá fora quer te engolir.

Não me respeitavam nas obras, e eu tinha que incorporar uma personagem forte, marrenta, para poder sobreviver e lutar com os dragões de cada dia.

Assim vivi meu luto.


Mas com o Matheus é diferente.

Como falo, perder um filho foi como perder metade de mim.

Já não me sinto tão forte como tempos atrás.

Eu engano as pessoas me fazendo de forte.

Dentro de mim há uma tristeza tão grande que não passa.

Ninguém imagina o que passa aqui no meu coração…

Escuto, a cada dia, que tenho que lutar, ser forte e continuar minha vida. É que estou tentando, mas gostaria que não me cobrassem tanto por isso.

Estou usando forças que não sei de onde vem…ou melhor, sei sim! Vem de Deus. Mas minha energia é pouca…


Minha crença é o que o que mantém em pé.

Digo que “estou” espírita, e ainda não sou, porque ainda tenho muitas dúvidas em minha cabeça.

O dia em que eu realmente vivenciar e ter a certeza em tudo que sigo e estudo há anos, talvez eu consiga acalmar meu coração.

Não sei quais são os planos de Deus pra mim, mas me esforço para ser uma pessoa melhor, a cada dia, e tentar cumprir pelo menos em parte, o propósito que ele tem pra minha vida.


Em minhas conversas diárias com Ele, já pedi para antecipar minha volta “pra casa”. Qual foi o prazo que Ele estipulou para minha passagem aqui na Terra? Sei lá, 70,80 anos…já vivi quase 50!

Talvez, lá no outro plano, eu poderia ser mais útil ao meu filho. Porque acredito nisso, que estamos temporariamente separados por planos. Ele vive em uma dimensão e eu em outra.

Não entendam, de forma alguma, que com esse pensamento penso em suicídio. Isso jamais! Sei que não resolveria meus problemas e não atingiria meu objetivo ( cuidar do Matheus), cometendo o suicídio.

Percebo que esse é o maior medo do Mauro. Mas tranquilize-se meu amor, eu nunca faria isso.

E nos momentos racionais, também percebo o quanto estou errada pensando dessa forma.

Quem sou eu para ir contra aos planos de Deus?


Ele me mostra que estou errada através do sofrimento.

Nessa semana Gabriela esteve internada. Quatro dias na uti…hoje finalmente teve alta.

E com isso percebo que minha filha precisa de mim, apesar de ser uma mulher tão forte!

Meu marido precisa de mim.

Minha mãe precisa de mim.

Ozzy, meu cãozinho lindo, precisa de mim.

Então me calo, envergonhada dos meus pensamentos.



 
 
 

1 Comment

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Luana G. Galaxe
Luana G. Galaxe
Nov 10, 2021

Seu filho era a pessoa mais feliz desse mundo! Não havia dia ruim que pudesse acabar com a alegria dele. Puro de coração. ❤️ Saudades!

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